Ela é plenamente diferente do habitual, talvez pelo enorme talento. Também diferente do usual ou casual, talvez pelo energético carisma. E ainda diferente de tudo, tudo mesmo, porque a vida foi generosa com ela e com quem teve a oportunidade, ou digamos, privilegio de vê-la tocar e ouvir seu grande dom musical por aí. A ainda menina, de traços lapidados e pele morena levemente bronzeada, com face muito delicada e longos, lisos cabelos negros e assim, como uma menina, mas quase deusa, ela simplesmente cintila nas praias de João Pessoa, desfilando seu figurino leve, de um vestido colorido, mas singelo e estampando a emoção nas retinas com o brilho irradiante de seu violino. Detalhe: sem jamais perder o charme, o carisma, o encanto, o tempo da música, o ritmo e o swing mais brasileiros de todos. Pode ser espantoso, mas ela faz isso dançando, sorrindo, brincando e posando para fotos com turistas e fãs. Ela é Isabelle Soares, violinista paraibana, de apenas 19 anos, e que já está se tornando marcante nos lugares onde se apresenta.
A doçura é sua marca registrada, característica totalmente perceptível em seus olhos. Brincalhona, vaidosa, sorridente, extrovertida, agitada são outras. Belle, como é conhecida, estava em uma de suas apresentações na Praia de Jacaré, na Paraíba, até que seu feitiço foi lançado em Linda Saab, turista mineira, que passeava por lá, que com olhos e ouvidos muito apurados e ciente da transformação que poderia causar à arte brasileira não tardou em esperar. Prontificou-se a chamar a violinista num canto, pronta para mudar a vida dela. Em algumas semanas, super ansiosa, a senhorita e dama do violino desembarcava com seu sorriso tímido em Belo Horizonte, portando sua ferramenta musical de serviço, para gravar seu primeiro disco, mas com ninguém menos que Marcus Viana, um dos mais importantes, renomados e reconhecidos músicos brasileiros, com carreira e talento brilhantes. Fui, pelo Versos e Traços-Mulher ao Volante, acompanhar bem de perto esse rico processo. E como era de se esperar: também fui enfeitiçado, mas pela familia que ali se encontrava, com o carinho de Saab, a sabedoria de Viana e o talento de Soares, que eram compartilhados sucessivamente durante todo o meu tempo presente com eles. Eram quase confundíveis pai, mãe e filha, mas o que profissionalmente se tornou realidade. As notas musicais dançavam praticamente sozinhas nos diálogos que presenciei.
A paraibana começou a carreira ainda criança, aproximadamente com sete anos, e fez escola pra chegar aonde chegou. Tem formação musical sólida no currículo. Ela se encantou com o violino ao ver uma amiga tocar e escolheu esse instrumento, menor e mais fácil de transportar do que um piano. Disse gostar muito do trabalho do produtor e músico mineiro e citou como marca a canção A Miragem, que ficou conhecida como tema da novela global O Clone. Falou do amor que sente por Minas, em especial por Belo Horizonte, cidade que conhece há muito tempo e onde se sente em casa. Também comentou sobre a experiencia de gravar seu primeiro disco e de sua emoção. Ela sabe que vem outros, muitos outros. Conhece humildemente seu potencial para isso. Ela se referiu às nipônicas Sara Chang, que a inspirou musicalmente, e Vanessa Mae, pelo estilo pop e coreográfico de se apresentar. A nordestina tem de fato uma bagagem musical apurada e conhecimento e experiência suficientes para aproveitar as chances que poucos artistas, no decorrer de uma carreira inteira, têm. Com sua música envolvente e com seu carisma no palco, tocando, dançando, cantando ou conversando, ela já demonstrou ter consciencia da responsabilidade e dos desafios que enfrentará de agora em diante. A Música Brasileira ainda vai agradecer muito ao Nordeste, à Paraíba, o brotar dessa artista do Novo Milenio. E nós também.
Fotos e Video: João Lenjob
Edição de fotos: João Lenjob
Edição de Video: Libélula